terça-feira, 19 de junho de 2012

Entulhos.


Um dia as histórias são pintadas com a cor da verdade.     
E você quer pagar pra ver, mas te falta coragem.
E tudo que realmente fazia diferença,
Caiu da estante e se quebrou.
Entre os cacos estamos nós.
Fingindo estarmos bem.
Quando tudo não caminha
Ou o caminho nos aperta o peito.
E tudo se perde.
As cores se vão.
Escoam no ralo, deixando manchas no chão.
De uma tinta fina.
Densa, amena, sangrenta.
Num trágico quadro de parede barato.
E os olhos já não são os mesmo.
E nos também não.
E tudo muda.
Já não temos todo o tempo do mundo.
E já não nos temos.
Escondidos em nossas próprias gravuras.
Equilibrando cores vivas.
Flutuando na realidade cotidiana.
Do obvio ululante.
De que eu lutaria por você.
Se você não tivesse desistido de nós.
Se não tivéssemos mudado tanto.
Quando eu mais precisei de você.
Entre os cacos de nós mesmos.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Soul Force.

Foto - Jorge Henrique

Há tanta coisa em nós.

E mesmo assim estamos soltos numa alameda única.

Com marquises e tetos de vidro.

Estilhaçadas por pedras de cristais.

Há tanta coisa escondida.

Olhe o que sobrou das nuvens ou do céu, enfim, de nós mesmos.

O que sobrou das nossas almas?

Um infinito eterno.

Um instante sublime maior que nós.

Perpetuo desde sempre.

Desde um cordão umbilical.

Ainda dói;

Mesmo restando tanto de você.

Chegamos à metade do caminho.

O Fim.

Nossas almas.

Um destino.

Apenas deixar o tempo ir.

E perder-se na bussola do querer.

De resto não sobrou muito.

Só uma alma.

Mais sobreviveremos.

Ainda creio ao menos em um de nós.

domingo, 3 de junho de 2012

Instante

Nada pode ser maior
Que a paciência em esperar
Que o amor,
Sempre ele,
O elo fundamental.
Se perca.
Mais que beijos,
Ou desejos.
Te peço a confiança
De um amor sincero
E o respeito
Que dá certeza
Ao peito
Que por mais que
Dure o tempo de um instante
Serei sempre seu.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

A estranha arte do desapego!



Esse? Pergunta ela.


Este mesmo. Respondo eu.


Como seu? Ainda guardo a promessa que o meu seria seu e o seu meu. Vejo suas veias, seu rosto. Um misto de dor, raiva, frustração e alívio. Como se também eu não sentisse o peso do sofrer.


Sim, esse mesmo. Respondo eu.


O silêncio faz do momento sombrio. Não sinto respiração, somos estatuas remanescentes de uma alegoria inversa.


Devolverei. Sentencia ela, depois de um instante lacônico, que em mim durou o tempo que durou o que vivemos.


Ainda te amo! Não era isso que queria dizer, foi isso que minha boca disse. Ainda te amo! Retrucou ela. Seja honesto, se me amasse faria tudo que fez?


Daí em diante foi uma sucessão de palavras todas contrarias as ditas anteriormente. O fim foi um beijo. Como odiei esse beijo. Odiei com um amor irresponsável, com algo ardente e inevitável. No fim só lembrava que a amava com tudo que tinha.


Isso deveria ser o conforto de uma história feliz. Descobriríamos depois que não, não seria desta maneira que resolveríamos nosso problema. Um problema de amar demais. Parece pouco, mais ame além e veja o naufrágio de sonhos e desejos.


Uma vez ouvi que devemos querer o cinco. Cinco é uma boa média, pois, quando conseguirmos um dez estaremos radiantes. Por outro lado, se formos sempre dez as expectativas geradas farão de nossa vida um grande zero.


Tínhamos um amor sete ou oito, erramos ao achar que éramos dez. Deveríamos ser cinco e buscarmos os momentos que valeriam um dez juntos. O que fizemos, egoístas, desumanos em nossa humanidade trouxemos nossos falsos dez para uma relação capenga.


Sua boca tremula deixou a minha, suas lagrimas salgavam de um sabor angelical meus lábios. Tínhamos nosso dez e mesmo assim reprovamos na estranha arte do desapego.


Para não alongar muito, terminamos, mas ainda a amo!