Esse? Pergunta ela.
Este mesmo. Respondo eu.
Como seu? Ainda guardo a promessa que o
meu seria seu e o seu meu. Vejo suas veias, seu rosto. Um misto de dor, raiva,
frustração e alívio. Como se também eu não sentisse o peso do sofrer.
Sim, esse mesmo. Respondo eu.
O silêncio faz do momento sombrio. Não
sinto respiração, somos estatuas remanescentes de uma alegoria inversa.
Devolverei. Sentencia ela, depois de um
instante lacônico, que em mim durou o tempo que durou o que vivemos.
Ainda te amo! Não era isso que queria
dizer, foi isso que minha boca disse. Ainda te amo! Retrucou ela. Seja honesto,
se me amasse faria tudo que fez?
Daí em diante foi uma sucessão de
palavras todas contrarias as ditas anteriormente. O fim foi um beijo. Como odiei
esse beijo. Odiei com um amor irresponsável, com algo ardente e inevitável. No
fim só lembrava que a amava com tudo que tinha.
Isso deveria ser o conforto de uma
história feliz. Descobriríamos depois que não, não seria desta maneira que
resolveríamos nosso problema. Um problema de amar demais. Parece pouco, mais
ame além e veja o naufrágio de sonhos e desejos.
Uma vez ouvi que devemos querer o cinco.
Cinco é uma boa média, pois, quando conseguirmos um dez estaremos radiantes.
Por outro lado, se formos sempre dez as expectativas geradas farão de nossa
vida um grande zero.
Tínhamos um amor sete ou oito, erramos
ao achar que éramos dez. Deveríamos ser cinco e buscarmos os momentos que
valeriam um dez juntos. O que fizemos, egoístas, desumanos em nossa humanidade
trouxemos nossos falsos dez para uma relação capenga.
Sua boca tremula deixou a minha, suas
lagrimas salgavam de um sabor angelical meus lábios. Tínhamos nosso dez e mesmo
assim reprovamos na estranha arte do desapego.
Para não alongar muito, terminamos, mas
ainda a amo!